A banalização do mal!
Acho que se fizermos a
transposição das águas do sagrado Rio Jordão para o Brasil e ficarmos, todos
nós duzentos milhões de brasileiros, nadando e mergulhando nelas um mês inteiro,
ainda assim não conseguiremos purgar metade de nossos pecados. E o pior pecado
que, ao meu obtuso ver, temos é o de ficarmos sentados em nossos rabos e, ao
mesmo tempo, puxarmos os rabos alheios. Somos mestres em esclerodactilia, não
no sentido de dedurar alguém, mas no de enrijecermos
os nossos dedos indicativos em direção ao outro, sem nos darmos conta de que
aquele pecado que nele tascamos é idêntico e muitas vezes pior do que o que
cometemos. Pouco dirijo carros, mesmo porque só pude comprar um já passado dos
trinta anos, sem contar que só recentemente obtive carteira de habilitação.
Mesmo no tempo em que eu, procurador, tinha Trânsito Livre, não me valia do
privilégio porque não gostava de dirigir. Ontem, fui a Sobradinho comprar
material de construção e voltei apavorado com a falta de educação no trânsito.
Voltei disposto a arquivar a minha CNH e nunca mais por as mãos num volante.
Numa via limitada a 80 km por hora, mesmo trafegando à direita e naquela
velocidade, fui fechado por um carro e seu condutor andou bom espaço de tempo
emparelhado ao que eu conduzia, esbravejando e emitindo sinais ameaçadores em
minha direção. Desacelerei e me enfiei numa via marginal, por receio de ele me
abalroar e me matar. Exagero, não! Não há lugar no mundo em que o ato de matar
seja tão banal!
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