quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A banalização do mal!

Acho que se fizermos a transposição das águas do sagrado Rio Jordão para o Brasil e ficarmos, todos nós duzentos milhões de brasileiros, nadando e mergulhando nelas um mês inteiro, ainda assim não conseguiremos purgar metade de nossos pecados. E o pior pecado que, ao meu obtuso ver, temos é o de ficarmos sentados em nossos rabos e, ao mesmo tempo, puxarmos os rabos alheios. Somos mestres em esclerodactilia, não no sentido de dedurar alguém, mas no de enrijecermos os nossos dedos indicativos em direção ao outro, sem nos darmos conta de que aquele pecado que nele tascamos é idêntico e muitas vezes pior do que o que cometemos. Pouco dirijo carros, mesmo porque só pude comprar um já passado dos trinta anos, sem contar que só recentemente obtive carteira de habilitação. Mesmo no tempo em que eu, procurador, tinha Trânsito Livre, não me valia do privilégio porque não gostava de dirigir. Ontem, fui a Sobradinho comprar material de construção e voltei apavorado com a falta de educação no trânsito. Voltei disposto a arquivar a minha CNH e nunca mais por as mãos num volante. Numa via limitada a 80 km por hora, mesmo trafegando à direita e naquela velocidade, fui fechado por um carro e seu condutor andou bom espaço de tempo emparelhado ao que eu conduzia, esbravejando e emitindo sinais ameaçadores em minha direção. Desacelerei e me enfiei numa via marginal, por receio de ele me abalroar e me matar. Exagero, não! Não há lugar no mundo em que o ato de matar seja tão banal!

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