segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Eita falta de assunto

Arroba, para mim, sobretudo criança na loja do meu pai, era a soma de vários pesos de ferro pendurados numa descomunal balança (quinze ou dezesseis quilos),onde bandas de porcos e outras mercadorias eram pesadas. Nem imaginava que el@ tivesse um símbolo próprio, coisa que só percebi quando do surgimento dos correios eletrônicos.
O mesmo se deu recentemente com o símbolo #, que os brasileiros e portugueses chamam de jogo da velha, grade, cerquinha, cerquilha, cardinal, sustenido, cauabanga, porteirinha, tralha, trama, caprino, malha, mosca, lasanha, chiqueirinho, cruzadinha, moiteiro, os eruditos octotrorpe, mas resolveram substituir todos eles por hashtag, numa prova de nossa crônica submissão aos americanos & Cia.
Não que eu seja contra a Língua Inglesa, mesmo porque tomo red, como bife, visto jeans, calço tênis, adoro rock, reggae, jazz, tenho um PT Cruiser e um Gold Retriver, adoro Nova Iorque e estarei em Londres no meio do ano. Mas, ainda assim, acho que a nossa Língua Portuguesa-Índigena-Africana-Italiana-Espanhola-Alemã-Japonesa-Árabe-Chinesa-Coreana-Guatemalteca é mais do que suficiente para nominar tudo o que deva ser nominado, sem exagerarmos no uso do inglês.
Também não concordo com os que torcem narizes por conta de nomes próprios ingleses ou que querem os imitar, em sua profusão de “kK”, “WW” e “YY”, quase sempre sufixados em “anny”, “eymmar” e por aí afora. Acho boa parte deles bonita, eufônica e, muitas vezes, reveladora da personalidade de seus portadores.
Outro dia, no entanto, encontrei um aqui no Face, uma variação de Kattya+Sephora, que soou em meus ouvidos como “Catapora”. Esperei a ampulheta girar, certo de que veria uma moça de rosto crivado de buraquinhos, mas me encantei quando pintou na tela uma pintura de mocinha.
Como as aparências, nomes também enganam, que o diga a Graça Foster!
Se inteiramente só e abandonado numa  ilha deserta, a mim me bastaria um dicionário, quiçá algumas centenas de caixa de red e eu certamente não seria tomado pelo tédio. Tenho vários e, ao menos uma vez por dia, os leio prazerosamente, pulando aleatoriamente de página em página, verbete em verbete. Raramente principio a minha viagem com alguma ideia na cabeça, pois ajo feito um andarilho zanzando a esmo. Só paro quando me empanturro de tantas palavras, que lentamente vou ruminando no decorrer do dia, as excretando, ejetando, evacuando, ejaculando, estravasando, refugando, parindo, vomitando, mijando ou cagando em prosa ou verso.
Em 2012, adquiri um tesouro editado pela Lexikon, o Dicionário Analógico da Língua Portuguesa – ideias afins/theasaurus, do professor Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, cuja segunda edição só veio a lume sessenta anos depois da primeira, numa prova de quão alérgicos à cultura somos.
A segunda edição é apresentada por um senhor de nome Francisco Buarque de Hollanda, que, desde menino, eu sabia compositor de cantigas, as mais belas e inspiradas, também escritor, mas que, nem de longe, eu imaginava portador da mesma doença que me acomete: o gosto por dicionários!
Chico herdou, adquiriu, auferiu, ganhou, obteve, capturou, catou, coletou, logrou, arranjou, conseguiu, recebeu o tal dicionário do senhor, seu pai Aurélio Buarque de Hollanda e revela em sua saborosa apresentação que muitas das canções que compôs brotaram do velho livro do professor Ferreira.

Vale a pena ter um em casa!
Miniconto 4


Por aquele tempo eu não conseguia distinguir pneu de motor, mas mesmo assim ela me pediu para que eu fosse à sua casa para colocar em funcionamento a sua velha motocicleta. Aliás, nos dias que antecederam tal convite, ela não parava de chamar de imprestável e preguiçoso o senhor seu marido, um tipo que eu conhecia de vista, mas que me parecia muito mau e perigoso. Lá fui. No fundo de sua garagem, em meio a cadeiras velhas, eletrodomésticos pifados e um sem fim de quinquilharias, custei a enxergar a velha Monark ali encostada. Assim que a vi, notei desconectado um cabo de sua ignição. Mas quando já me prontificava para ligá-lo, ela puxou-me violentamente pela mão e, candidamente, foi me conduzindo para o interior da casa, dizendo-me que iria preparar um café. Antes, porém, resolveu mostrar-me todos os aposentos. Quando chegamos ao seu quarto, um susto! Ela simplesmente derrubou-me sobre a sua cama e começou a fazer comigo todo o tipo de coisas que não devo revelar aqui. Mas cismei que o senhor seu marido estava chegando, dei um salto pela janela, num segundo cheguei á garagem, conectei o cabo de vela, dei partida na moto e me mandei, arrastando a sua meia-calça presa à fivela de meu cinto! Ao chegar de volta ao trabalho, vi à porta estacionado o quão temido marido, impaciente e à espera dela, que gentilmente me agradeceu pelo conserto da moto, me gratificou e ainda me ajudou a desengarranchar da fivela de meu cinto a peça íntima de sua digníssima esposa, pedindo-me que a perdoasse por tamanha displicência.




Pesadelo 

Ontem, a minha querida amiga Dionne me disse que o termo "Excelência" veio dos imperiais Procuradores da Coroa, atualmente Procuradores da Fazenda Nacional.
 
Fiquei com aquilo na cabeça e o misturei com o notívago amigo escocês, Sua Excelência o Dr. J. Walker e acabei de acordar de um pesadelo em que o governo transformou os PFN em P-CDF: PROCURADORES DA COROA DILMA ROUSSELF -
 
No pesadelo, capitaneados por Luciano Hadad, Souto, Jorge e Allan Titonelli, todos metido
s em casacas coloridas, meias três quartos, sapatilhas nos pés e perucas brancas na cabeça, marcharam no domingo de Carnaval pela Esplanada dos Ministérios, protestando contra a Coroa Dilma.
Alguns os confundiram com foliões indo para o Bloco do Pacotão. Outros, com monarquistas defendendo a revogação da Proclamação da República e houve até um que pensou que fossem travecos, daqueles que ficam pras bandas do Banco Central, que se esqueceram de ir embora antes de raiar o Sol.
Eles não paravam de bradar "Fora Dilma", "Devolva o nosso título", "Não à fusão das carreiras", quando, às carreiras, cruzaram com meia dúzia de protestantes do impeachment de Dilma, bombeando petróleo no interior das cúpulas do Congresso Nacional, nas quais enfiaram dois grandes pavios, feitos com a gigantesca Bandeira Nacional, arrancada na lateral norte da Praça dos Três Poderes.
E aí o pau quebrou, pois quando a patuleia que não gosta de procuradores, de pagar impostos e muito menos de procuradores da receita federal, soube o que Dilma havia feito com eles, começou a gritar: "Fica Dilma", "Ferro neles!!!"
Graças a Deus, o pesadelo terminou quando eu, fantasiado de Carmen Miranda, vindo do Galinho de Brasília, fui confundido com eles e quase morto pelos black blocks. Que alívio, Deus meu!!!



Coisas bobas 

Acessei por acaso o blog “Coisas Bobas” e, confesso, há tempos não lia um texto jurídico tão bem escrito, destes que uma criança recém-alfabetizada é capaz de ler e entender, mesmo versando ele sobre a profusão de nomes que no Brasil são dados ao ofício de advogar na esfera pública: promotores de justiça, procuradores de justiça, procuradores da república, procuradores do trabalho, procuradores federais, procuradores da fazenda, procuradores do banco central, advogados da união, advogados da caixa, do banco do Brasil, dos correios, ufa!
Apenas um nome de mulher fecha o magnífico texto: Giorgia, certamente uma low profile, coisa rara num meio em que a vaidade muitas vezes intercepta a órbita da Estação Espacial, mesmo que o vaidoso autor descortine pro mundo um incompreensível tratado sobre a influência do galho seco na sexualidade do macaco
.
O magnífico texto é um retrato sem retoques da advocacia pública brasileira. Ao ver a profusão de nomes dados aos seus servidores advogados, uma comparação me veio à mente, embora agnóstico que sou: a Santa Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana e os seus papas, cardeais, arcebispos, bispos, monsenhores, cônegos, freis, frades, curas, vigários e padres, todos com uma única missão institucional: celebrar missa!
A vaca sagrada da Santa Madre caminha para o inevitável brejo, haja vista a acentuada perda de fiéis aqui e em todo o mundo. E a profana da Advocacia Pública?
Aí algo coça em minha ignorante cachola, pois não sei se transcorridos tantos anos desde o advento de nosso cartapácio constitucional ainda resta tempo para manejar contra o ministério público federal uma ação de busca e apreensão, visando a restituição do nome que, de cambulhada, foi levado junto, quando os parquets federais perderam sua porção de procuradores e se restaram tão somente promotores da justiça federal.
Talvez por esquecimento dos constituintes, a banda insigne partinte rumo ao Ministério Público Federal não apenas afanou o nome da banda insigne ficante, como se livrou do apodo “federal”, que conosco ficou, trocando-o para o da “da República”, por certo bem eufônico à época, apesar da bagunça reinante em repúblicas estudantis, como de resto na nossa própria!
Pra mim nem cheira nem fede ser federal, da união, de estado ou ser da república! Há quem diga até – e com certa razão- que para sermos federais teríamos que procurar também nos Estados, nos municípios e no Distrito Federal, tão donos da federação quanto a parte governada por Dona Dilma. Como só procuramos em seu feudo chamado Governo Federal, os linguarudos acham mais apropriada a denominação Procurador do Governo Federal.
Uma expressiva maioria, no entanto, quer o apelido de Procurador ou Advogado de Estado e almeja até que as unidades da federação que levam o mesmo nome deveriam retornar à condição de províncias, o que, na prática, todas são! Dos pobres advogados privados que ralam umbigos em balcões da justiça, uma parte de nós, insignes ficantes, açambarcou o nome “Advogado” e ainda tascou em sua frente a palavra “União”, esse balaio em que se mistura todo mundo de todos os níveis e esferas!
Culpa de Deodoro e seu bando, diria o meu amigo Roberto! Não tivesse ele sido posto no dorso daquele pangaré e obrigado a proclamar a República, seríamos todos Procuradores Imperiais e com direito a título de conde (os da classe especial), visconde (da intermediária) e barão (os fraldinhas), mas ainda assim apareceria alguém para defender como mais bonitos os títulos de arquiduque, duque ou marquês!
Como é no município (não no Estado, na Federação, na União ou na República) que se nasce, padece e morre, antes andando por ruas esburacadas, sem saneamento, escolas, postos de trabalho, o populacho não tem a mínima ideia dessa barafunda financiada com os seus impostos!

Uma temeridade as verdades que escorrem do blog “Coisas bobas”!
Conto 3
A Navalha 


Que mulher tarada, aquela, a do barbeiro! Ela simplesmente me encurralou entre a copa e a cozinha e ali tentou me seduzir impiedosamente, enquanto o seu digníssimo marido aguardava o meu retorno do banheiro. Tentando me refazer do susto, voltei naturalmente à cadeira e ele, calma e pacientemente, atou em meu pescoço as tiras da toalha, ajustou o suporte de cabeça e pincelou suavemente o meu rosto com a espuma de barbear. À meia distância, pelas costas do sujeito, a maldita mulher mandava-me beijos e mais beijos, mas assim que ele levantava as vistas, amolando aquela afiada navalha, ela, refletida no espelho, tomava uma postura de sonsa e santa. Trazia comigo um livro do Gogol e o lia justo na parte em que é cortado o nariz do assessor do juiz do colegiado eleitoral. Mas de repente, senti que o roçar de sua navalha sobre o meu pescoço era cada vez mais firme e forte. E ele balbuciava palavras como safada e sem-vergonha, enquanto a afiada Solinger cortava-me feito foice. No que ele virou para limpar o pincel, eu me mandei a tempo de escutar ele dizer: - Cadê o desgraçado? e ela responder: - Foi-se!
Como cuidar bem da mulher do chefe
E, com isso, obter promoção  


Um livro de auto-ajuda para melhorar as relações entre chefes e subordinados
C.D.MotaCoelho
Minifácio
Salvo por algum resquício perdido em minha memória, todos esses minicontos são fruto da minha imaginação, sã ou malsã. A maioria não corresponde nem de longe a situações por mim vividas, assistidas ou que delas tomei conhecimento. De uma parte, confesso, fui agente, paciente, assistente ou ouvinte. De outra, ínfima, os fatos se desenrolaram tal qual eu os conto. Aliás, se ínfima não fosse, mentiroso eu seria, pois nem Don Juan conseguiria chegar a tanto! Três deles, no entanto, eu os reconto, pois os pesquei no vasto repertório que circula de boca em boca ou nas páginas da internet.
Introdução
Contos por alguns contos
Por que me meti na pornografia?

Pio, casto e fervoroso congregado mariano e irmão do Rosário, eu também era razoável escritor de hagiologias, homilias e sermões, quando recebi um inusitado convite para escrever contos em uma revista de mulher pelada. Num primeiro momento, titubeei ao me ver ardendo nas chamas do inferno. Eu vivia num crônico apuro financeiro, pois o cônego era um pão-duro e nem todos os noivos me pagavam pelas aulas preparatórias que eu, casto, solteirão e aluno de Seu Levy, ministrava. Fui ao cônego tentar um ordenado fixo, mas ele apontando para mim o versículo, dedo em riste, assim leu: “Ganharás o pão com o suor do teu rosto.”, dando-me a entender que o que eu fazia era por devoção, não por profissão. Ele, com muxoxos e esgares, ainda criticou em mim a mania de repetir em meus textos a frase “certo dia, todavia”. Achei aquilo tudo um desaforo, mas fiquei aliviado ao folhear outra parte do livro sagrado onde li que o Rei David foi direto para o céu, mesmo tomando e transando com Betsabá de Urias, num engodo que custou a vida daquele péssimo soldado, de propósito colocado na linha de frente, como general, por aquele monarca tão abusado. Aí não pensei duas vezes e o convite aceitei, mandando para a revista o meu primeiro texto, em que uma catequista fugiu com um anabatista. Aí todos os meses eu ia ao banco, sacava alguns contos, recebidos em razão dos meus contos, ia à banca de revistas e comprava um exemplar, onde eu, todo orgulhoso, lia meu texto e valia-me do pretexto para me extasiar com aquela profusão de mulheres que me inspiravam na redação do conto seguinte. Certo dia, todavia, confundi-me completamente, pois mandei o sermão para a redação da revista de mulher pelada e o texto de sacanagem para a pasta de marroquim do cônego. Missa lotada e eu sem me dar conta da distração, eis que o cônego começa a sua peroração: - Como era boa a Madalen... Pausa e todos percebem a sua estupefação ao dar uma passada de olhos naquele sermão, ponteada por ares de satisfação. Entrementes, na revista, meu texto sem qualquer revisão, foi direto para a publicação e só deram pelo engano, quando ela já estava nas bancas. Exonerado do sagrado e do profano e não tendo como prover o meu sustento, escrevi os contos que seguem publicados, na esperança de apurar alguns trocados.
Uma coisa ou outra
 

Um viúvo setentão pediu ao amigo Rei da Soja que lhe ajudasse a achar uma namorada, nova, bonita e gostosa e ele então organizou um jantar, que seria pago pelo interessado em namorar, para o qual convidou um monumento de mulher. Nem bem iniciado o jantar, um vinho Petrus de vinte mil reais foi aberto, seguido das mais caras iguarias. Preocupado, o viúvo pão-duro aproveitou-se da ida da mocinha ao banheiro, e externou sua indignação com o preço da conta que ele iria pagar. E o Rei da Soja o admoestou assim: - Amigo velho, em nossa idade ou é cara ou é coroa!
O que você quer?


As Bolsas 


Eles, engravatados e empertigados, cruzam comigo várias vezes pelos corredores da empresa, mas jamais se dão conta de minha existência, anulada por este horroroso uniforme da limpeza. Para eles eu não existo. Sou, porém, a mesma pessoa que todas as noites, de uns tempos para cá, tem freqüentado os seus macios lençóis, Tudo se modificou quando achei uma Musette novinha. Como não consegui devolvê-la à pessoa que a perdeu, passei a usá-la depois do expediente e logo
 fisguei o próprio chefe da limpeza e ele sequer desconfiou da minha subordinação. Com o dinheiro que me deu comprei uma linda Neverfull e caí nos braços do Gerente Administrativo. Ele, também sem desconfiar de meu cargo na empresa, acabou por me permitir a compra de uma fofíssima Speedy, que me levou à cama do Diretor Geral. Ele, entre outros mimos, deu-me de presente esta caríssima Gypsy. Gypsy foi o meu passaporte à cama do dono da empresa, nosso Big Boss, cujos agrados me garantirão, brevemente, a propriedade do conglomerado Louis Vuitton!
Meus minicontos 


Textos juridicos costumam obrigar os seus escritores a serem prolixos e eu, prestes a me aposentar do cargo de procurador federal - coisa que aconteceu dois atrás - resolvi me arriscar num estilo de escrita mais direto e conciso.
Fã desde jovem dos escritores russos, encontrei neles o remedio contra a verborreia: a arte dos minicontos!
E foi tentando me exercitar nessa arte, que escrevi "Tédio" e mais cerca de cento e vinte minicontos, todos com laivos sensuai
s, eroticos e até mesmo pornográficos, os quais enfeixei num livro de exemplar único, que dei o título de "Como ficar com a mulher do chefe e com o seu consentimento" - um livro de autoajuda para melhorar a relação entre patrões e empregados.
A minha editora Meire, volta e meia quer publicá- los, desde que obviamente eu adeque alguns deles a um estilo menos escancarado. Concordo com ela, mas confesso a minha dificuldade em mexer nos meus próprios escritos.
Assim, a exemplo do que fiz ontem com "Tédio", vou pinçar os mais palatáveis ao ambiente feiciano e os postar aqui. Aguardem!
Republicando 
TÉDIO
+Carlos Mota 



En-jo-ei daquele maldito analista. Vivo uma vidinha insossa, mas ele quer por que quer me provar que eu sou o mais feliz dos homens, só porque tenho este iate de 267 pés, um tamanho descomunal que me faz perder a cada instante em seus decks. Além do mais, casas em Mônaco Ibiza e os malditos apartamentos em Paris e Nova Iorque só me trazem um desejo enorme de me refugiar em minha ilha em Bali e de lá nunca mais sair. Mas, ainda assim ele pensa que sou um boa vida, sem levar em conta que o CEO de minhas empresas me faz perder, a cada mês, longos e entediantes quinze minutos, resumindo para mim calhamaços de relatórios, enquanto meu maitre, a meu lado, quer que eu engula caviar, empurrado goela abaixo por uma taça de Moet Chandon. Meses atrás entrei no ramo do petróleo e, num único dia, com a empresa ainda no papel, vendi quinze bilhões em debêntures. Quando lhe contei, o abusado me considerou um sortudo, mesmo eu provando que fiz um péssimo negócio, pois agora o CEO vai querer me surrupiar, mensalmente, mais alguns minutos. E, para agravar ainda mais a minha depressão, não posso contar com os amigos que tenho, que bem podiam me ajudar. A única coisa que eles fazem por mim – e nisso tenho que lhes ser grato – é a imprescindível ajuda que me dão transando com as minhas amantes. Mas até nisso eles estão ficando relapsos, pois bem aqui sobre esta majestosa cabine, três se refestelam no deck da piscina, loucas para surrupiar as minhas energias, aumentando ainda mais os argumentos do malsinado analista, que insiste em me ter como um bom vivant. Acho que vou prestar concurso de procurador e pular fora desse raio de vidinha!
Vai aí o primeiro verbete do futuro livro
Cagar no mato. Até outro dia uma palavrão ou xingamento, mas que se tornou um imperativo incontornável para os sudestinos de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, é a expressão que os índios se utilizam quando querem convidar parceiros para o sexo (surucucagem, no dizer de Darcy Ribeiro). Um manda o outro ou outra "cagar no mato", minutos depois sai de fininho e vai se encontrar com o parceiro!
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BRASIL, UM PAÍS DO FUTURO
BRASILIEN EIN LAND DER ZUKUNFT
10/02/2015
Stefan Zweig
Prefácio de Alberto Dines
Tradução de Kristina Michahelles
A obra publicada pela primeira vez em 1941 tornou-se rapidamente um clássico. Brasil, um país do futuro é um grande retrato do país sob a ótica de um estrangeiro que passou seus últimos anos de vida no Rio de Janeiro. Stefan Zweig e sua segunda mulher, Lotte, escolheram o Brasil como refúgio às atrocidades que eram cometidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, neste período, Zweig não abandonou a escrita. Pelo contrário, foi na casa de Petrópolis que finalizou sua autobiografia (O mundo que eu vi) e escreveu este que, de acordo com Alberto Dines, “é o mais famoso de todos os textos que se escreveram sobre o Brasil”. O jornalista, autor da biografia Morte no paraíso – a tragédia de Stefan Zweig (1981) – livro que narra a fascinante trajetória do escritor austríaco –, e um dos grandes admiradores da obra de Zweig, é responsável pelo prefácio desta edição em formato pocket.
Resultado de uma extensa pesquisa aliada ao olhar crítico de Zweig, Brasil, um país do futuro é uma obra que surpreende os leitores contemporâneos pela riqueza dos temas abordados. De fato, algumas das previsões feitas por Zweig não se concretizaram, mas o livro não se trata apenas disso. Zweig pensa no futuro analisando o que vê e o que sente do contato com o povo brasileiro. No capítulo “Olhar sobre São Paulo”, por exemplo, reflete que “para representar a cidade de São Paulo seria preciso ser um pintor. Para descrever São Paulo, um estatístico ou um economista (...), pois não é o passado ou o presente que tornam São Paulo uma cidade tão fascinante, e sim o seu crescimento e o seu porvir, a rapidez de sua transformação, vistos em câmera lenta.”
Zweig conduz o leitor a passeios pela Bahia, pelo Recife, pelos morros do Rio de Janeiro, observa hábitos da cultura brasileira que se destacam aos olhos estrangeiros, como o simples fato de sempre haver um café fresco para receber um visitante. Além desses dados pitorescos, o autor se aprofunda em uma análise sobre a história e a economia brasileiras, fazendo com que este livro seja, ao mesmo tempo, um documento histórico, uma crônica, um registro de impressões escrito pelas mãos de um célebre autor europeu que se impressionou e se emocionou com o que viu.

Conheça mais sobre o autor em www.casastefanzweig.org
Ainda assim, vale a pena ser brasileiro!

Repercuti aqui uma lista de pecadilhos que nós brasileiros - eu junto - costumamos cometer, uns mais, outros menos. Mas isso não significa desapreço de minha parte para com o nosso povo, pois no outro extremo somos um povo maravilhoso. Li recentemente um livro muito falado e criticado, mas que pouquíssimos brasileiros leram: BRASIL, UM PAÍS DO FUTURO, escrito setenta anos atrás por um grande escritor europeu - STEFAN ZWEIG - que abismado com os horrores da segunda guerra, fruto da intolerância, sobretudo a racial, entre aqueles povos, viu no Brasil um exemplo de convivência pacífica - hoje nem tanto! Acho que todos deviam ler este livro, apesar de seus exageros. No domingo, reli pela quarta ou quinta vez os DIÁRIOS INDIOS do grande Darcy Ribeiro, em cujo exemplar sublinhei traços interessantes de nossa cultura. Conheço países e saio deles sempre com a sensação de que, apesar dos pesares, vale a pena ser brasileiro!
Um grande amigo e colega deputado, hoje ministro de um tribunal superior, conta que em uma de suas campanhas no interior do Nordeste o prefeito, num comicio, assim lhe apresentou aos eleitores: Povo de xxxxxx! Truxe aqui nesta noite o nosso candidato! Ele é gente muito boa e vcs vão gostar muito dele, pois pensem nun cabra corrupto. Ninguem corrupta melhor que ele e sem corruptos o nosso municipio nun rompe em frente! Para o prefeito e aquele povo, corrupto é qualidade, nao defeito!
Em campanha em Araçuaí me encontrei com uma berilense, paquera de infância e ela me pediu um "emprego de juiza". Tentei convece-la da exigencia do concurso, mas ela continuou insistindo e eu desisti. Quatro anos depois, soube que ela não iria votar em mim porque prometi a magistratura mas não cumpri. Kkkk
Em minha tentativa de reeleição, pedi ao meu sobrinho Marinho que sondasse um amigo se ele iria me apoiar novamente. Puto comigo, ele me mandou um recado assim: Fala com o seu tio que não vou apoiar ele nâo, pois como deputado nem serviu pra entrar no mensalão!!!! Kkk
Contava e cantava o meu tio filósofo Tiãozinho de Loura: Logrado seja Deus, Bastião perdeu o freio. Para sempre seja logrado, bastião tem frei roubado. 
Aliás, ele dizia que muitos fiéis metiam a mão na sacolinha vermelha das esportulas, nada punham e tiravam sorrateiramente o dinheiro, murmurando: Logrado seja Deus!!!
Minas Novas - Antes de 1974 - A criação do CRAM no início dos anos 1960, boa por um lado, pelo outro criou uma "elite" fanadeira (por critérios bem peculiares, pois no fundo todos eram farinha do mesmo saco, sobretudo sob o ponto de vista econômico) e esta "elite" passou a brincar o Carnaval no Teatro Municipal, enquanto a patuleia se limitava a assistir o furdunço espremida nas grades de suas três portas frontais ou dar voltas nas encardidas colunas do Mercado Municipal, no curioso Baile do Pernil. 1974, há anos o carnaval de rua não existia mais e o próprio Teatro Municipal estava prestes a desabar. Sábado pela manhã, não havia sinais de que o Carnaval seria realizado, quando Dalton Magalhães, Banu Álbano Silveira Machado e eu saimos pelas ruas da cidade cantando e batendo latas. Em pouco tempo, pessoas e mais pessoas dançavam, pulavam e cantavam atrás de nós. E assim continuou no domingo, na segunda e na terça-feira!
História desta foto


3 de janeiro de1959, dia em que foi tirada, minha tia bisavó Naná Costa, avó do Cardeal Don Serafim, estava se aproximando dos noventa anos e certamente haveria uma festa de arromba em seu sobrado na Praça do Miolo, hoje Praça Naná Costa.
A foto me foi emprestada por um senhor de Almenara, dono da rádio daquela cidade.
Ele me contou que, jovem de 19 anos, morando e estudando em S. Paulo, foi incumbido pelo seu pai a viajar pelo interior de Minas como vende
dor de tecidos Matarazzo.
No dia anterior, 2 de janeiro, seu jipe enguiçou próximo ao velho pontilhão sobre o Fanado, então acesso único à cidade, mas ele foi socorrido por um jovem que estava a caçar passarinhos. Era Du de Agenor, que nåo só lhe ajudou a fazer o motor do jipe pegar, mas lhe convenceu a dormir em Minas Novas e participar do jogo no dia seguinte. Com sua máquina, ele tirou esta e outras fotos. Ele conheceu meu pai Zé Durval em sua Casa S. Sebastião, cliente da Matarazzo e se referiu a ele como um homem extremamente cortês e educado!
Post feito pela cunhada Marlucia Monteiro Costa 

Demorou mas… Infelizmente chegaram:
As “pérolas” do ENEM:
“O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino”.
(Ou seja: alguns ex-presidentes casaram-se com travestis.)
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“Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar”.
(Alguém poderia traduzir?!)
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“O bem star dos abtantes da nossa cidade muito endepende do governo federal capixaba”.
(Vende-se máquina de escrever faltando algumas letras.)
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“Animais vegetarianos comem animais não-vegetarianos”.
(Esse aí deve comer capim.)
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“Não cei se o presidente está melhorando as insdiferenças sociais ou promovendo o sarneamento dos pobres. Me pré-ocupa o avanço regresssivo da violência urbana”.
(“Sarneamento” deve ser o conjunto de medidas adotadas por Sarney no Maranhão. Quer dizer, eu “axo”, mas não me “pré-ocupo” muito.)
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“Fidel Castro liderou a revolução industrial de 1917, que criou o comunismo na Russia”.
(Não, besta, foi o avô dele.)
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“O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro”.
(Demorou o “céculo” inteiro pra fazer a mudança.)
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“A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje”.
(Esqueceu a História em Quadrinhos.)
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“Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam”.
(Mas e se os índios não matassem os mortos????)
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“Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos”.
(Ou era uma “biga” macho que tinha duas “bigas” fêmeas, puxada por um burro?!)
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“No começo Vila Velha era muito atrazada mas com o tempo foi se sifilizando”.
(Deve ter sido no tempo em que lá chegaram as primeiras prostitutas.)
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“Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu”.
(Como será que eles pretendiam fazer isso?!)
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“A capital da Argentina é Buenos Dias”.
(De dia. À noite chama-se Buenas Noches.)
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“A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão”.
(E a “prinssipal” função do autor deveria ser a mesma. E ainda vivo…)
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“As aves tem na boca um dente chamado bico”.
(Cruz credo.)
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“A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva”.
(hehe. Esse é espirituoso…)
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“Respiração anaeróbica é a respiração sem ar, que não deve passar de 3 minutos”.
(Senão a anta morre.)
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“Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs”.
(E alguns ainda vivem nas “catatumbas”.)
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“Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais”.
(Precisa “dezenvolver” o cérebro. Será que egipício é para rimar com estrupício?)
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“O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro”.
(Esse aí não deve ter o tal nervo, ou seu cérebro não seria tão obscuro.)
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“A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos”.
(I will survive.)
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“O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes”.
(Verdade: de São Paulo até o Nordeste, falta construir aquadutos para levar as inundações.)
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“Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas”.
(Juro que eu não li isso.)
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“As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas”.
(Hum… Desconfio que vai ser poeta!)
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“Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central”.
(Procura-se urgente um Atlas Geográfico que venha com um Aurélio junto.)
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As autoridades estão preocupadas com a ploleferação da pornofonografia na Internet”.
(Deve estar falando do CD dos Raimundos.)
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“A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly”.
(Teve a ovelha Katrina, também. Só que ela era meio violenta…)
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“O Papa veio instalar o Vaticano em Vitória mas a Marinha não deixou para construir a Capitania dos Portos no mesmo lugar”.
(Foi quando ele veio no papamóvel, lembra?
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“Hormônios são células sexuais dos homens masculinos”.
(Isso. E nos homens femininos, essas células chamam-se frescurormônios.)
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“Os primeiros emegrantes no ES construiram suas casas de talba" (Enquanto praticavam tiro ao Álvaro)

Agora reparem o perigo : ESSA GENTE VOTA!
Bom dia minhas meninas lindas. Madrugadoras
Brasil....
Mostra a tua cara.....
Valei-me, seu Antônio!


Semanalmente, seu Antônio, em sua estropiada e ora empoeirada, ora enlameada moto, nos traz queijos. Não só queijos, às vezes morangos, todos produzidos não longe daqui, pros lados do Poço Azul. 
Mas, além de queijos e morangos, pelos quais pagamos mensalmente, seu Antônio, sem que se dê conta disso e, obviamente, sem nada receber por isso, nos traz um altivo e sincero semblante de quem, apesar dos vincos e muxibas alastrando pelo rosto, dos dentes avar
iados e das mãos calejadas pela porfia da terra e pelas manoplas da moto, está sempre de bem com a vida. 
O roncar de sua moto se aproximando me é familiar e assim que o ouço, alegre me apresso para receber os queijos, os morangos e, sobretudo, para revê-lo, comparar as nossas vidas e espantar de mim algum laivo de soberba ou presunção, porventura colado em mim desde a sua última visita.
É que, além das visitas de seu Antônio, às vezes recebo outras, reais ou cibernéticas, que não me trazem nada além da vontade de ser novamente visitado, em pele e osso, por seu Antônio!
Atentado à comida da filha do General Ernesto Geisel, em plena Ditadura!

O casal Alvacira Nepomuceno e Urias Sena Costa, ele Coletor Federal, ex-prefeito de Minas Novas, professor de Português e de Latim e futuro advogado, se preparou para hospedar em sua residência AMÁLIA LUCY, filha única do Presidente da República, o General Ernesto Geisel, para quem Chico Buarque de Holanda compôs VOCÊ NÃO GOSTA DE MIM, MAS SUA FILHA GOSTA. 
Amália Lucy andava pelo Brasil pesquisando o nosso rico folclore, ela que foi presidente da Funarte, e Minas Novas se tornou um dos seus preferidos destinos turísticos, porque, justiça seja feita, era uma pessoa simples, sensível e culta e encontrou em nossa cidade ares que se encaixavam em seu jeito de ser, avesso às badalações da corte e dos grandes centros, como o Rio e São Paulo.
Dona Alvacira, semanas antes, arregimentou um exército de doceiras, quituteiras, merendeiras, cozinheiras e licoreiras, tendo Mariana de Justino no comando e sortiu sua geladeira, despensa e demais dependências de seu confortável solar com os mais variados e apetitosos exemplares de nossa rica culinária fanadeira, pois além do insaciável bucho presidencial, outras dezenas de outros buchos fanadeiros deveriam ser cheios naqueles dias em que permaneceria em Minas Novas aquela moça que Juca Chaves comparou ao Hino Nacional Brasileiro: grande, feia e que ninguém canta. De fato, por conta da ditadura então vigente, os brasileiros não gostavam de cantar o nosso hino, a ponto de achá-lo, além de grande, muito feio!
A cidade se engalanou e o CRAMN escancarou as suas portas. Amália não gostava de dançar, mas, à sua volta, casais de bailarinos rodopiavam no salão, como Pedro Bizorreta, Cajubi, Heli de Isaías, Valdez Coimbra Maciel, apenas para citar os ases das pistas de baile fanadeiras.
Mas, enquanto rodopiavam no piso de tábuas corridas do velho teatro, transformado em clube, um bando de meninos, esgrimidos nos gradis das três grandes portas do CRAMN, arquitetava e punha em prática um assalto... Pasmem! um assalto em plena ditadura... E um assalto justo na comida destinada à filha do ditador-general-presidente da República ERNESTO GEISEL!
Da cozinha, passando pelo corredor, sala, varanda e se espichando pela rua em frente, pela Praça da Prefeitura e por toda Minas Novas, enfim, um rastro de manchas de caldas de pudim, manjar de coco, ossos de frango, farofa, tarecos, gaúchos e biscoitos de goma!
Cacau de Candinha de Mané Mocinha era o general, Natércio Bizorreta, o seu lugar-tenente, e soldados, Tita de Luquinhas, Beto de Antônio Buque, Rei de Gentil, Dadá de Zé Puinha, Jairo de Tristão, Tein de Luquinhas de Lucas, Joubert de Cajubi, Duí de Diva de Edgard, Nego de Eufrásia – Mudinho de Petronilia, Toni Catitu, Paulo Antônio, Zé Walter de Nato Melancia compunham a Tropa de Elite, que também contava com amadores como Ernani de Dona Celuta, Lalau de Zé Camargos, Gão de Dr. Vicente e Jenison Fião, filho do próprio anfitrião Urias Sena. (Nomes relembrados por Carlos Antônio Cacau).


Viva a Vida!


Meire, com a maior disposição, saltou da cama bem cedo, coisa, aliás, que ela faz todos os dias, em sua azáfama de dona de mim, dona de casa, advogada, presidente de cooperativa, sindicalista, ativista de direitos da mulher, doutoranda e professora universitária.
Mas, hoje, Meire levantou disposta a finalizar a organização da Noite de Natal da Cafuringa, coisa que já vinha fazendo nos últimos dias, nas parcas parcelas de tempo que lhe sobram. De suas mãos de fada
, um saboroso vatapá já está pronto e sua feitura foi entremeada pelo capricho com que decorou a nossa casa, desde a disposição dos vasos de flores, dos móveis e quadros, até a colocação dos presentes na árvore de natal.
Volta e meia, ela interrompe o meu ofício de escrever e me pede alguma coisa, do tipo subir numa escada e bater um prego, verificar a existência de gelo e carvão e todas essas atribuições de quem, como eu, está de “jaquê”. 
Neste momento, os seus dotes de chef de cozinha, diplomada pelo renomado Lake´s, se concentram na finalização dos pratos que logo mais degustaremos, enquanto eu fico a imaginar o quanto perdemos por longos anos de vida pública, privados da deliciosa banalidade da vida. Quantos natais, quantos aniversários, quantos “ficar de papo pro ar” nos foram sonegados!
Escrevendo, ouço a tevê dizer de como parlamentares, hoje presos, passarão a Noite de Natal! Ouço e dou graças a Deus por passar a data, como faço há seis anos, neste delicioso fim-de-mundo chamado Cafuringa, ao lado de minha querida Meire, nossos entes queridos, amigos e a gente simples da Rua 18!
E Viva a Simplicidade da Vida!
Tia Zezé para Presidente do Brasil

A minha tia Zezé
Que eu amo de paixão
Me achou um Zé Mané
E me deu um beliscão
Ela prefere Aécio
E a Dilma eu engulo
Pois não sou bregueço
De votar branco ou nulo
Se a tia fosse candidata
Ela teria o meu voto
Pois ela é séria e sensata
Bem do jeito que eu gosto

Assim, em Dois Mil e Dezoito
Que surjam tias Zezé
Para que este eleitor afoito
Possa votar com mais fé!
Continuo rimando ou paro?

Banca Arrota

Que a Paulista se fôda
Que a banca vire rôta
Que se dane e exploda
Essa gente tão escrota
Alerta aos Coxinhas


O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo. São cerca de 550.000 presos. Se for verdade o que dizem por aí sobre a ineficiência da polícia, do emepê e da justiça, esses 500.000 presos correspondem algo em torno de 1% dos que deveriam estar encarcerados, em torno de cinquenta milhões de brasileiros (um quarto da população do Brasil)!
Grande parte desses quinhentos mil que se acham presos e também dos quarenta e nove milhões que estão soltos s
e deve à guerra, há anos em curso no Brasil. 
Não diria guerra ou luta de classes, pois de um lado estão os marginalizados ou precarizados de nosso País e do outro, não os ricos e remediados, pois, em lugar de sujar suas mãos e partir pro confronto aberto e direto com o pobres, eles são substituídos pelo Estado e sua tropa de soldados, cabos, tenentes, peritos, delegados, cartorários, promotores, procuradores, juízes, desembargadores e ministros, além quase um milhão de nós advogados.
A coisa só não está mais preta por conta de programas sociais, de regimes de cotas e outras medidas que buscam a atenuação de nossas profundas diferenças sociais. Não fossem elas, hein?
Coxinhas, pensem nisso, pois se a coisa desandar o pau vai comer na cabeça de vocês!
Tia Zezé, como posso apoiar Aécio!

Em 2006, cotadíssimo para a reeleição, Aécio e seu grupo (chefiado por Danilo de Castro) invadiu e corrompeu as minhas bases eleitorais. José João, prefeito do município de Francisco Badaró, Maninho, do município de José Gonçalves de Minas, apenas para citar estes, visivelmente constrangidos disseram que não podiam continuar me apoiando, pois a vingança do Palácio da Liberdade abateria sobre eles. Perdi a eleição e o Vale do Jequitinhonha ainda hoje não tem deputado federal. Depois de mim, nada de especial alí foi feito, como a Universidade que criei - a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Mesmo a ponte sobre o Fanado em Minas Novas, construída graças a mim e concluída já no término daquele mandato, oito anos depois continua inútil, pois o Governo do Estrago de Minas não providenciou o seu encabeçamento, coisa de poucos mil reais! Em Salinas, onde concluí a construção do Açude da Matrona, fiz inúmeras barragens, construí a Rodoviária, quadras poliesportivas, apoiei o cooperativismo, mas a mão forte e sacana de Aécio se abateu sobre mim!
Pois bem, tia, adoro tudo que a senhora faz, mas em Aécio, me desculpe, não posso votar nunca!


Á minha dona e musa Meire

Vou me embora pra Miami
Lá sou amigo do réu
E tenho alguém que me ame
E me chame de Beleléu!!!
Do Brasil fui exilado
Escorraçado feito cão
Porque quis apoiar um lado
Na presente eleição!
E quando passar o pleito
Voltarei aqui contente
Pois eu não sou um sujeito
Capaz de ferir gente!!!
Só espero que na volta
O Brasil continue aqui
E que guerra ou revolta
Não acabe com o pequi


Como não posso mais falar de eleições aqui e não posso ficar sem escrever, resolvi atualizar os Lusíadas - doravante os Carlíadas. Acabei de adaptar estes versos, mas só faltam outros quatro mil e tantos.
Os Carlíadas
As armas dos ladrões assinalados
Que da Ocidental Cidade de Goiânia
Por bares nunca de antes frenquentados
Passaram ainda além de Luziânia,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Minas Novas, que tanto sublimaram;
2
E também as Marias e as Rosas
Aqueles Reis que foram deflorando
O pé, a cabeça, e as partes viciosas
Do Gama, Taguatinga devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

3
Cessem do sábio Grego e do Baiano
As gozações grandes que fizeram;
Cale-se de Rodrigo e de Antônio
A falha das vitórias que tiveram;
Que eu mamo o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.