terça-feira, 30 de setembro de 2014

Apenas para demonstrar certas calhordices da mídia

Deram-me um título que nunca mereci!
Anos atrás, fui considerado por uma grande revista de circulação nacional como um grande especialista em obras de arte. A revistona me dedicou três páginas, com foto e tudo, enchendo a minha bola e a de outro colega procurador.
De fato, assim que comecei a vir a Brasília, notei em gabinetes do INSS, bem assim jogadas de qualquer jeito, obras de arte, sobretudo do pintor Santa Rosa e até mesmo uma gravura de Picasso.
Certo dia, fui ao presidente do INSS e ele, um ignorante em arte e cultura, achou que como procurador eu deveria me preocupar com outras coisas. Fiquei puto com aquilo e fui atrás de alguém que pudesse botar a boca no trombone e salvar aquele patrimônio do povo.
Na Câmara, me encontrei com um jornalista - hoje muito famoso -e um fotógrafo de alto coturno e eles toparam fazer a matéria. Aproveitando a ausência do presidente do INSS, entramos em seu gabinete e nos demais e fotografamos aquelas obras de arte.
Dia seguinte, segui pro Marrocos com Meire, onde assistimos a concessão, pela Unesco, do título de Patrimônio da Humanidade de Diamantina.
Dez dias depois, ao voltarmos da África e da Europa, deparei com a revistona enchendo a minha bola, muito além do que eu - reles procurador e cru no exame de uma obra de arte - merecia ser citado. Isto é, me deram um título que eu jamais fiz por merecer!
Aí caiu a minha ficha e fui entender a razão de aqueles jornalistas encherem a bola minha, então presidente, e a do meu colega, então tesoureiro da Anpprev. A Anprev, por aquele tempo, instituíra um prêmio em dinheiro aos que faziam boas matérias sobre Previdência Social, e eles, ao encherem a nossa bola, estavam, sim, de olho naquela bufunfa!
Naquele dia, acabei com o tal prêmio, escondi os exemplares daquela revista, nunca a mencionei em minhas investidas eleitorais, por nojo e asco do que fizeram!
Em razão da notícia, o presidente Fernando Henrique Cardoso me chamou ao palácio e fui nomeado presidente da Comissão Nacional do Patrimônio Artístico. Isso faz quase vinte anos e até hoje não fui tomar posse do cargo! Afinal, eu era sindicalista e não recebia ordens de palácio!

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