sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Coitado do Eike Batista

Um amigo que é amigo de um ex-amigo de Eike Batista me propôs ontem que eu, um cara que já morou em muitos cinco estrelas e até mesmo numa mansão do Lago Sul, mas que hoje vive pobrescamente num cafundó de nome Cafuringa, bem que poderia submeter o novo pobre coitado do Eike a um treinamento introdutório, com vistas à sua adaptação a essa situação em que nove em cada dez brasileiros estão acostumados a viver.
De fato, se eu fosse organizar a grade curricular eikista, começaria por uma viagem em um sambado ônibus que, aos trancos e barrancos, liga a suntuária capital Brasília a este Lago Oeste, cujo espelho dagua ainda não achei. Antes disso, uma cervejinha em copo de requeijão no Bar do Bidu, na Dezoito e ali mesmo, à noite, um forrozinho no Seu Manoel ou até mesmo uma esticada no Brega da Eva, perto do Poço Azul, onde Lumas em plumas goianas fazem a festa da machaiada daqui. É bem verdade que este último conteúdo programático, eu, um senhor casado e congregado mariano, não posso ministrar, coisa que Mazin, levando Eike na garupa de sua estropiada 125 cc pode fazer, bem assim o Vanderlei, na carroceria estropiada de sua F-100, modelo 1960.
Dependendo da disposição de Eike, ele pode tomar conta de uma dessas chácaras que os donos só vêm de vez em quando. Nesse caso, nada recebe, mas tem o dia livre para empreitas e diárias, na faixa de R$70,00 ou, dependendo do espírito caritativo de nosso amigo e vizinho Falvin, bem que poderia construir um barraquinho no fundo de seu latifúndio e ficar lá de butuca, espantando os larápios que costumam ladroar por perto.
Se bom no manejo de pés de cabra e alicates, Eike teria boas chances de engrossar as fileiras dos Sem Terra que moram aqui perto, cuja agenda de trabalho na macega goiana anda cheia, como também próspero tem sido o Crematório de Cachorros que se instalou aqui por perto. De igual modo, conhecendo alguns planetas e estrelas, Eike pode também engrossar o nosso polo astrológico, um dos maiores da América Latina, desde obviamente que não se meta a fazer previsões econômico-financeiras.
Auxiliado pelos meus amigos e colegas Zé de Tristão, Cacau e Manezin de Candinha, meu irmão Felipe, Deca Bizorrão, Taco A Quarta e demais sobreviventes do holocausto da Pensão Mineira, não teria dificuldade em ensinar a Eike como passar dias e mais dias sem comer, conseguir dormir entre ratos e baratas, compartilhar meias e cuecas, espremer pasta de dente, pregar chicletes em bico de bota furada, colar dentão da frente com Araldite, filar café e pão em lanchonete de empresa, entrar de graça no Mineirão e, mesmo assim, ter muito sucesso com as meninas.
Mas o que mais a nossa turma pode ajudar o coitadin do Eike é, em meio a tudo isso, ele aprender a dar boas e sonoras gargalhadas!
E ao ex-amigo, recomendo ao meu amigo que é amigo dele, que não venha tentar se reaproximar de Eike, se Eike voltar a ser rico aqui na Cafuringa, justo agora que, com o resultado do plebiscito, nós do Reino Unido não mais vamos perder o petróleo e o gás do Mar do Norte. A sorte está lançada, Eike!

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