terça-feira, 7 de outubro de 2014

Profecias de um profeta azarado

Exceto no poker e na previsão de chuvas, erro mais do que acerto, quando me meto a profetizar, adivinhar, fazer prognósticos ou coisa parecida. Por isso, fico sempre em cima do muro ou, no máximo, digo coisas incongruentes ou finjo que não ouvi a pergunta. Sobre política, então, errei tanto que amarguei surras eleitorais, crente de que sairia vitorioso. Portanto, não levem a sério o que adiante escreverei e ponderem que, desse fim-de-mundo da Cafuringa, não há como sair opinião que possa ser levada a sério.
Ontem, varado por ondas de choque decorrentes da tragédia que nos tirou Eduardo Campos, Meire me perguntou sobre o destino dos seus votos e, de repente, a minha bistunta, há tempos esvaziada das coisas da política, rangeu enferrujada e cuspiu uma garatuja de desenho assim: Marina Silva, apesar de adepta do criacionismo, da carolice e da ecochatice, repetirá a votação amealhada na eleição de 2010. Como acho perigosa a mistura de Bíblia com Constituição, produtora de coisas como a Faixa de Gaza, não terá o meu voto. Aécio perderá votos que foram de Marina e que retornarão ao seu seringal. Aécio não receberá os votos dos meus companheiros comunistas e socialistas, a maioria formada por ateus ou agnósticos, que jamais votariam numa religiosa praticante juramentada, como Marina, ou num amigo do Capital, como Aécio. Esses votos, numa quantidade que não sei avaliar, se amontoarão na pilha dos nulos, brancos ou na das abstenções, possível destino do meu. Farinha do mesmo saco esquerdista, alguma parte, boa parte ou a maior parte dos votos genuinamente eduardistas irá para Dona Dilma.
Se acertados os meus prognósticos, Aécio é o candidato que mais perde e periga nem ir pro segundo turno. Sorte dele é que sempre erro! Num possível segundo turno entre a carola e a ateia, o eleitor oscilará entre o jeito de durona de uma e a fragilidade aparente da outra; entre a laicidade de uma e a religiosidade de outra; entre o pragmatismo econômico de uma e o xiismo ecológico da outra; entre a orfandade de uma e a proteção de um sapo barbudo da outra...
Acho melhor me abster de adivinhações e tentar arranjar uma boquinha de gari na Alemanha, muito embora lá reine Angela Merkel!

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