segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Como cuidar bem da mulher do chefe
E, com isso, obter promoção  


Um livro de auto-ajuda para melhorar as relações entre chefes e subordinados
C.D.MotaCoelho
Minifácio
Salvo por algum resquício perdido em minha memória, todos esses minicontos são fruto da minha imaginação, sã ou malsã. A maioria não corresponde nem de longe a situações por mim vividas, assistidas ou que delas tomei conhecimento. De uma parte, confesso, fui agente, paciente, assistente ou ouvinte. De outra, ínfima, os fatos se desenrolaram tal qual eu os conto. Aliás, se ínfima não fosse, mentiroso eu seria, pois nem Don Juan conseguiria chegar a tanto! Três deles, no entanto, eu os reconto, pois os pesquei no vasto repertório que circula de boca em boca ou nas páginas da internet.
Introdução
Contos por alguns contos
Por que me meti na pornografia?

Pio, casto e fervoroso congregado mariano e irmão do Rosário, eu também era razoável escritor de hagiologias, homilias e sermões, quando recebi um inusitado convite para escrever contos em uma revista de mulher pelada. Num primeiro momento, titubeei ao me ver ardendo nas chamas do inferno. Eu vivia num crônico apuro financeiro, pois o cônego era um pão-duro e nem todos os noivos me pagavam pelas aulas preparatórias que eu, casto, solteirão e aluno de Seu Levy, ministrava. Fui ao cônego tentar um ordenado fixo, mas ele apontando para mim o versículo, dedo em riste, assim leu: “Ganharás o pão com o suor do teu rosto.”, dando-me a entender que o que eu fazia era por devoção, não por profissão. Ele, com muxoxos e esgares, ainda criticou em mim a mania de repetir em meus textos a frase “certo dia, todavia”. Achei aquilo tudo um desaforo, mas fiquei aliviado ao folhear outra parte do livro sagrado onde li que o Rei David foi direto para o céu, mesmo tomando e transando com Betsabá de Urias, num engodo que custou a vida daquele péssimo soldado, de propósito colocado na linha de frente, como general, por aquele monarca tão abusado. Aí não pensei duas vezes e o convite aceitei, mandando para a revista o meu primeiro texto, em que uma catequista fugiu com um anabatista. Aí todos os meses eu ia ao banco, sacava alguns contos, recebidos em razão dos meus contos, ia à banca de revistas e comprava um exemplar, onde eu, todo orgulhoso, lia meu texto e valia-me do pretexto para me extasiar com aquela profusão de mulheres que me inspiravam na redação do conto seguinte. Certo dia, todavia, confundi-me completamente, pois mandei o sermão para a redação da revista de mulher pelada e o texto de sacanagem para a pasta de marroquim do cônego. Missa lotada e eu sem me dar conta da distração, eis que o cônego começa a sua peroração: - Como era boa a Madalen... Pausa e todos percebem a sua estupefação ao dar uma passada de olhos naquele sermão, ponteada por ares de satisfação. Entrementes, na revista, meu texto sem qualquer revisão, foi direto para a publicação e só deram pelo engano, quando ela já estava nas bancas. Exonerado do sagrado e do profano e não tendo como prover o meu sustento, escrevi os contos que seguem publicados, na esperança de apurar alguns trocados.

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