segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Valei-me, seu Antônio!


Semanalmente, seu Antônio, em sua estropiada e ora empoeirada, ora enlameada moto, nos traz queijos. Não só queijos, às vezes morangos, todos produzidos não longe daqui, pros lados do Poço Azul. 
Mas, além de queijos e morangos, pelos quais pagamos mensalmente, seu Antônio, sem que se dê conta disso e, obviamente, sem nada receber por isso, nos traz um altivo e sincero semblante de quem, apesar dos vincos e muxibas alastrando pelo rosto, dos dentes avar
iados e das mãos calejadas pela porfia da terra e pelas manoplas da moto, está sempre de bem com a vida. 
O roncar de sua moto se aproximando me é familiar e assim que o ouço, alegre me apresso para receber os queijos, os morangos e, sobretudo, para revê-lo, comparar as nossas vidas e espantar de mim algum laivo de soberba ou presunção, porventura colado em mim desde a sua última visita.
É que, além das visitas de seu Antônio, às vezes recebo outras, reais ou cibernéticas, que não me trazem nada além da vontade de ser novamente visitado, em pele e osso, por seu Antônio!

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