quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Quando escrevi "Aconteceu na Cafuringa", embaracei numa licença poética e Meire entendeu que a comparei a uma cobra cainana. KKK Ficamos meio abalados, mas Tainá aqui apareceu, viu uma revoada de borboletas - Ela viu um panapaná, me apontou e garantiu a crônica que republico aqui.

Tainá no panapaná!

Levei uma proverbial surra da musa e fiquei, travado, jururu e encabulado, uns dias sem escrever. Até pensei que me livrei desse estropício de vício que carrego desde a infância, culpado por minha deselegância para com a minha musa. E de que futrica ela me acusa e que a deixou tiririca? ‽De que abusei ao escrever contos em que conto hilárias passagens na Cafuringa, em que, numa delas, ela acha que, por conta do vinho e da pinga, respinga uma ponta de desapreço em sua pessoa, ao compará-la, este seu marido chato de polaina, no contexto do meu texto, a uma cobra cainana? Mas ela não é boba nem Poliana! Porém acho que não tem razão e, por isso, não mereço a sua dura peroração que em meus ouvidos ainda ecoa. Mas em mim ressentimento voa e raiva esboroa. Afinal não pega bem a um coroa à toa ficar amuado por ter sido censurado pela própria patroa. De boa, mesmo que ela não tenha levado em consideração poemas que para ela fiz de montão, inclusive um de nome “Voa, Fax, voa”, eu aqui e ela em Madri e outro de nome “Luzes de Navegação”. Não sei se a musas se pede escusas ou perdão. Acho que não, pelo menos de maneira formal, pois dum poeta, ainda que poeta menor e em recesso, o que se poder esperar é verso em prosa, prosa em verso, como este que passo a fazer pra nossa neta Tainá! “Dia seguinte ao incidente, que quase me fez perder os dentes, Tainá toda contente pulou no colo do demente avô. Acho até que ela adivinhou que eu estava chateado e tinha que sair daquele estado. E ela apontou pra porta que liga a cozinha à horta, quando borboletas num lindo panapaná encheram de alegria a Tainá. Quanta alegria ver Tainá cercado por um panapaná. Tainá em Tupi é estrela e estrelas formam constelação. Panapaná, em Tupi um montão de borboletas, tirou da minha caçoleta o que estava a me chatear. Logo pra longe voaram, restituindo a alegria deste seu avozão!” Então voa Tainá, voa e diga à sua avó pra acabar com o trololó e perdoar o seu avô!
Panapaná. s.f. Bras. Bando de borboletas, que migram em certas épocas, formando verdadeiras nuvens.S.m. Planta leguminosa-papilionácea.

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