Coisas bobas
Acessei por acaso o blog
“Coisas Bobas” e, confesso, há tempos não lia um texto jurídico tão bem
escrito, destes que uma criança recém-alfabetizada é capaz de ler e entender,
mesmo versando ele sobre a profusão de nomes que no Brasil são dados ao ofício
de advogar na esfera pública: promotores de justiça, procuradores de justiça,
procuradores da república, procuradores do trabalho, procuradores federais,
procuradores da fazenda, procuradores do banco central, advogados da união,
advogados da caixa, do banco do Brasil, dos correios, ufa!
Apenas um nome de mulher
fecha o magnífico texto: Giorgia, certamente uma low profile, coisa rara num
meio em que a vaidade muitas vezes intercepta a órbita da Estação Espacial,
mesmo que o vaidoso autor descortine pro mundo um incompreensível tratado sobre
a influência do galho seco na sexualidade do macaco
.
O magnífico texto é um retrato sem retoques da advocacia pública brasileira. Ao ver a profusão de nomes dados aos seus servidores advogados, uma comparação me veio à mente, embora agnóstico que sou: a Santa Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana e os seus papas, cardeais, arcebispos, bispos, monsenhores, cônegos, freis, frades, curas, vigários e padres, todos com uma única missão institucional: celebrar missa!
A vaca sagrada da Santa Madre caminha para o inevitável brejo, haja vista a acentuada perda de fiéis aqui e em todo o mundo. E a profana da Advocacia Pública?
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O magnífico texto é um retrato sem retoques da advocacia pública brasileira. Ao ver a profusão de nomes dados aos seus servidores advogados, uma comparação me veio à mente, embora agnóstico que sou: a Santa Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana e os seus papas, cardeais, arcebispos, bispos, monsenhores, cônegos, freis, frades, curas, vigários e padres, todos com uma única missão institucional: celebrar missa!
A vaca sagrada da Santa Madre caminha para o inevitável brejo, haja vista a acentuada perda de fiéis aqui e em todo o mundo. E a profana da Advocacia Pública?
Aí algo coça em minha
ignorante cachola, pois não sei se transcorridos tantos anos desde o advento de
nosso cartapácio constitucional ainda resta tempo para manejar contra o
ministério público federal uma ação de busca e apreensão, visando a restituição
do nome que, de cambulhada, foi levado junto, quando os parquets federais
perderam sua porção de procuradores e se restaram tão somente promotores da
justiça federal.
Talvez por esquecimento dos
constituintes, a banda insigne partinte rumo ao Ministério Público Federal não
apenas afanou o nome da banda insigne ficante, como se livrou do apodo
“federal”, que conosco ficou, trocando-o para o da “da República”, por certo
bem eufônico à época, apesar da bagunça reinante em repúblicas estudantis, como
de resto na nossa própria!
Pra mim nem cheira nem fede
ser federal, da união, de estado ou ser da república! Há quem diga até – e com
certa razão- que para sermos federais teríamos que procurar também nos Estados,
nos municípios e no Distrito Federal, tão donos da federação quanto a parte
governada por Dona Dilma. Como só procuramos em seu feudo chamado Governo
Federal, os linguarudos acham mais apropriada a denominação Procurador do Governo
Federal.
Uma expressiva maioria, no
entanto, quer o apelido de Procurador ou Advogado de Estado e almeja até que as
unidades da federação que levam o mesmo nome deveriam retornar à condição de
províncias, o que, na prática, todas são! Dos pobres advogados privados que
ralam umbigos em balcões da justiça, uma parte de nós, insignes ficantes,
açambarcou o nome “Advogado” e ainda tascou em sua frente a palavra “União”,
esse balaio em que se mistura todo mundo de todos os níveis e esferas!
Culpa de Deodoro e seu
bando, diria o meu amigo Roberto! Não tivesse ele sido posto no dorso daquele
pangaré e obrigado a proclamar a República, seríamos todos Procuradores
Imperiais e com direito a título de conde (os da classe especial), visconde (da
intermediária) e barão (os fraldinhas), mas ainda assim apareceria alguém para
defender como mais bonitos os títulos de arquiduque, duque ou marquês!
Como é no município (não no
Estado, na Federação, na União ou na República) que se nasce, padece e morre,
antes andando por ruas esburacadas, sem saneamento, escolas, postos de
trabalho, o populacho não tem a mínima ideia dessa barafunda financiada com os
seus impostos!
Uma temeridade as verdades
que escorrem do blog “Coisas bobas”!
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